7 de abril de 2010

CICI 2010 - Inovação para o transporte sustentável

As cidades foram feitas para o convívio social e devem priorizar parques, árvores, ciclovias e infraestrutura para o lazer, reduzindo o espaço viário, aumentando calçadas e transformando as avenidas. A afirmação é do diretor da Clinton Foundation, Adalberto Maluf. Ele participou do painel "Inovação para o Transporte Sustentável", durante a CICI2010 - Conferência Internacional das Cidades Inovadoras, realizada pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, em Curitiba.

O diretor nacional do Centro de Transporte Sustentável (CTS Brasil), Luiz Antonio Lindau abriu sua fala com um questionamento: "Queremos mover gente ou veículos?" Lindau defende que os carros devem deixar de ter prioridade: "deve haver uma mudança cultural. Os carros não contribuem para a saúde da população e fazem mal para as cidades. Tempo é dinheiro e horas perdidas no trânsito geram um impacto negativo nas cidades, causando uma perda de competitividade e estagnação econômica", afirmou.

Mobilidade
Para Maluf, o grande desafio da atualidade é a mobilidade urbana nas cidades. "A tendência é a situação piorar. O PIB do Brasil cresce 5%, o país será a 5ª economia do mundo em pouco tempo e as pessoas vão comprar mais carros e vão se locomover mais", prevê o diretor da Clinton Foundation. "As cidades que não se adequarem a esses novos tempos vão continuar perdendo empresas, pessoas e investimentos", alertou.

Luiz Lindau citou o exemplo de cidades com visão de futuro, como Bogotá, Paris, Londres, Cidade do México e Curitiba. "São cidades que estão investindo na melhoria do transporte público e estimulando os veículos não motorizados. Algumas delas por meio de medidas como a taxação do congestionamento - que já ocorre em Londres e Estocolmo; a utilização do biocombustível e a implantação do sistema BRT (Bus Rapid Transport), a exemplo de Curitiba.

Transporte a energia
Gilles Vesco, representante da empresa que gerencia o sistema de transporte de Lyon (França) contou que a cidade tem por objetivo passar o maior número de pessoas dos veículos privados para o transporte público com emissão zero de carbono. "73% do sistema é movido à energia elétrica", disse. Segundo ele, a cidade dispõe de metrôs, ônibus, bondes, trolleybus e oferece um sistema de rádio com informações 24 horas de todos os modais para os usuários. "Fizemos de tudo para ter uma cidade mais agradável e uma abordagem mais humana. Estamos conseguindo", encerrou Vesco.

O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Cléver de Almeida, traçou um panorama da evolução do sistema de transporte público de Curitiba, o que está sendo feito e o planejamento futuro. "Em Curitiba, 45% das pessoas que se deslocam todos os dias o fazem através do transporte público, 22% de automóvel, 20% a pé e 5% de bicicleta", informou. Segundo Almeida, a prioridade agora é estimular ainda mais o uso da bicicleta e a caminhada. Estão previstas também ações para o aumento da capacidade do sistema de transporte, implantação de uma linha de metrô e da linha verde - sexto eixo de transporte. "A opção de Curitiba é pelas pessoas, pelos pedestres, pelos ciclistas e pelo transporte público", ressaltou o presidente do Ippuc.

Fonte: Portal Objetivos do Milênio (http://www.odmbrasil.org.br)

Continuação - Bicicletas no contexto urbano

Com o aumento progressivo das emissões de gases do efeito estufa nos países emergentes, parece óbvio que uma solução simples seria incentivar o planejamento cicloviário, uma forma barata e saudável de combater o trânsito nas cidades.

.Pensando nisso, mas focando em um ponto pouco estudado atualmente, Roel Massink (também participante do seminário da Coppe/I-Ce), pesquisador da Universidade de Twente na Holanda, resolveu estimar o valor climático do ciclismo ao montar cenários de como seria uma cidade sem bicicletas. Quais seriam os modos de transporte mais utilizados?

Considerando a capital venezuelana Bogotá como modelo, onde 3,3% da população utiliza a bicicleta como meio de transporte, Massink reuniu dados sobre o poder aquisitivo e características dos deslocamentos destas pessoas.

Bogotá é a única cidade mundial que possui um projeto sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) envolvendo o transporte público, chamado TransMilênio, porém na modelagem do pesquisador, se as bicicletas fossem suprimidas as classes mais abastadas escolheriam veículos individuais como meio de transporte.

A Expansão do uso de ciclovias e ciclofaixas é também uma forma de combater o aquecimento global, como provou o pesquisador, que simulou a retirada das bicicletas das ruas e demonstrou a importância delas para a redução das emissões. O pesquisador concluiu que o uso da bicicleta em Bogotá representa uma redução nas emissões de 95 toneladas de dióxido de carbono diariamente ou 54 mil toneladas anualmente.

Bicicletas com status de veículo

Mesmo entre os milhares de quilômetros na Europa até as escassas de ciclovias no Brasil, ainda existem muitos obstáculos a serem superados para que as bicicletas possam se tornar as rainhas dos sistemas de transporte.

Linhas integradas, como ciclovias que se conectam com trens de superfície e metrôs para deslocamentos de longa distância, pistas adequadas para todos os tipos de bicicletas com as inovações elétricas, para deficientes físicos e até mesmo para carregar bagagens, são soluções que começam a ser pensadas e colocadas em prática na Europa.

O professor da Universidade de Chester (Inglaterra), o ciclista Peter Cox alerta que o essencial é reconhecer os usuários de bicicletas.

“Aprender com os usuários e não definir por eles”, ressaltou Cox, lembrando da importância de se consultar os ciclistas na hora de planejar os sistemas e perceber as suas necessidades, só assim novos usuários se sentirão aptos a entrar neste mundo.

“Má infra-estrutura pode ser pior que nenhuma”, relembra ao tocar em uma questão muito bem conhecida por quem anda nas ciclovias brasileiras. Postes no meio das pistas, buracos e descontinuidade, falta muito ainda para chegarmos a uma situação ideal aqui.

Todas as pesquisas demonstram que a qualidade de vida nas melhores cidades está ligada à boa mobilidade ciclística, pondera Cox.

Planejamento é a chave de um futuro mais saudável, seguro e correto para a sociedade que realmente anseia por cidades funcionais, agradáveis e com baixas emissões de poluentes. “Nós fazemos o futuro como queremos”, disse Cox numa mensagem que deve servir de norte para que a sociedade brasileira exija os seus direitos de uma sadia qualidade de vida.


Estou certa de que a escolha da bicicleta pode fazer um mundo melhor!