17 de dezembro de 2010

Um 2011 cheio de carro para você


Se não chover, o Brasil vai fechar 2010 com uma produção de 3,6 milhões de automóveis. E se 2011 não for atrapalhado, é possível que, ano que vem, o País crave a marca de 4 milhões de unidades. Vamos ficar entre os cinco maiores mercados do mundo moderno, com a indústria festejando as vendas em alta e o setor público sem saber o que fazer para que eles rodem pelas ruas e avenidas.

Pelas contas da ANFAVEA, indústria automotiva brasileira registrou o segundo melhor mês da história em vendas em novembro, licenciando 311.498 automóveis e comerciais leves novos. O número só perdeu para março deste ano, quando foram vendidos 337.346 unidades. Ou seja, temos o recorde de vendas em dois meses de um mesmo ano. No Brasil, as vendas estão crescendo a taxa de 8,7% em 2010 e isso entope ainda mais as cidades. Além disso, a indústria de motocicletas deve encerrar o ano com 1.720.000 unidades produzidas. É mais que 2009 e significa mais veículos nas ruas.

Não há planejamento de cidade que sustente um volume tão grande. As pessoas esquecem que quando um carro novo entra em circulação, a cidade perde, em média, 6 m² de sua área. Isso vai se somando de forma que ela perde espaço para que o veículo circule numa velocidade maior. Também pressiona o transporte público, cujo ônibus (com até 30m²) vai reduzindo a cada dia sua quilometragem média. E aí a cidade onde o contribuinte mora vai parando um pouco a cada dia. Ou melhor: sendo ocupada por um novo carro novo.


Esse é realmente o BRASIL que você deseja?!

Fonte: Jornal do Commercio

20 de novembro de 2010

Nitéroi: a imobilidade impera!

Em ritmo acelerado de crescimento e de mudanças, o município vive um contradição: se move cada vez menos.
Síndrome das grandes cidades, o trânsito afeta todas as idades e classes sociais, e influencia diretamente na qualidade de vida: aumenta a poluição ambiental e o número de acidentes.
Uma pesquisa encomendada pelo GLOBO-Niterói à Universidade de Brasília (Unb) com o estudo coordenado pelo pesquisador Valério Medeiros, doutor em Arquitetura e Urbanismo, comprova um sintoma que há muito os niteroienses já tinham se dado conta: a cidade tem péssimas condições de mobilidade. Isso significa que é difícil se deslocar de um ponto a outro na sua malha viária. Prejuízos como maior segregação espacial, devido ao efeito barreira provocado pela crescente necessidade infraestrutura para o transporte motorizado, o custo alto do transporte e aumento excessivo do preço de terra em áreas mais acessíveis são citadas no estudo como consequências da dificuldade de locomoção.

Mas a falta de planejamento na construção das vias urbanas e as características geográficas de Niterói são os principais fatores que a posicionam nos últimos lugares do ranking de mobilidade urbana. Existem cidades que apresentam predominantemente ruas retas — paralelas e perpendiculares entre si — ou ruas curvadas, como é possível perceber em cidades antigas ou coloniais, ou aquelas fortemente influenciadas por um relevo acidentado, como Niterói. Pelo tipo de desenho das ruas, é possível avaliar que cidades apresentam melhores ou piores graus de facilidade de deslocamento — explica o pesquisador Valério Medeiros, que a partir destas características, calculou um índice denominado valor de integração.

Niterói tem piores condições de deslocamento do que o Rio de Janeiro, que está em 43 posição na lista nacional e 159 no ranking mundial. Já Ouro Preto e Florianópolis foram colocadas nas últimas posições, respectivamente em 45 e 46 na relação de cidades brasileiras e 161 e 164, no internacional. O pesquisador ressalta, no entanto, que nem sempre a menor mobilidade acarreta em dificuldade de deslocamento ou pior trânsito. Isso vai depender do poder aquisitivo da população e da frota de veículos existentes.

Fonte: Matéria Publicada pelo Jornal O Globo Niterói em 20.11.2010.

O maior problema para os tomadores de decisão sobre o trânsito é a incapacidade de pensar que mais do que infraestrutura adequada, é imperativo a mudança de comportamento, ainda completamente dependente da "cultura do automóvel".


Para exemplificar o que digo deixo para reflexão um epsódio antigo em desenho do Pateta.

Vale a pena conferir!







10 de outubro de 2010

Plano para o transporte não motorizado no Estado do RJ

O Rio de Janeiro pretende sair na frente dos demais estados e o lançar o primeiro plano de transporte não-motorizado do Brasil. A ideia é criar um modelo de transporte sustentável e garantir a melhora da mobilidade urbana em todo o seu território.


Depois de ser o primeiro estado da federação a utilizar biodiesel na frota de ônibus, o Rio será o primeiro também a ter um Plano Diretor de Transporte Não-motorizado. Através de um convênio firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Governo do Rio, via Secretaria de Transportes, está elaborando um amplo estudo para dotar as cidades da Região Metropolitana e do interior do estado de uma infraestrutura capaz de garantir uma mobilidade segura e adequada para pedestres e ciclistas.


Na próxima semana, quarta e sexta-feira (13 e 15/10), a Secretaria de Transportes realizará um grande seminário envolvendo 27 prefeituras do Rio, sendo 15 da Região Metropolitana e 12 do interior do estado. Entre os municípios que enviarão representantes da área de urbanismo e transportes estão Niterói, São Gonçalo, Maricá, Caxias, Nova Iguaçu e Belford Roxo. O objetivo é que cada prefeitura apresente ao Estado suas demandas, ideias e projetos que melhorem a mobilidade urbana para pedestres e ciclistas.


- A geografia das nossas cidades é um estímulo ao uso da bicicleta. A meta do Governo do Estado é aumentar significativamente a utilização de bicicleta em todas as cidades do Rio de Janeiro. Saber das prefeituras locais quais os equipamentos e instalações são necessários para facilitar o uso das bicicletas é o primeiro passo para efetivar nossa meta – comentou o secretário de Transportes, Sebastião Rodrigues.


Nesta sexta-feira, o secretário nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiz Carlos Bueno, esteve na secretaria acertando os últimos detalhes do seminário com o secretário. O Ministério das Cidades é um dos fomentadores da política de incentivo ao uso de bicicletas e implantação de ciclovias e bicicletários em diversas cidades do país, que se dá através do programa Bicicleta Brasil.


- Mais uma vez, o Rio de Janeiro nos surpreende por ser o primeiro estado do país a apresentar oficialmente um plano diretor de transportes não motorizado. Com certeza a conclusão desse trabalho vai servir como modelo para os demais estados brasileiros. O que vemos no Rio é um grande movimento pró-bicicleta, com eventos sensacionais como o Tour do Rio, a Copa Ligth de Ciclismo e os passeios ciclísticos que atraem milhares de pessoas. Esse é um movimento que tem que se espalhar por todo território nacional – disse Luiz Carlos Bueno.


O secretário de Transportes, Sebastião Rodrigues, que na semana que vem abrirá o seminário junto aos prefeitos e secretários de transportes dos municípios envolvidos, aproveitou a reunião com o secretário nacional de mobilidade para solicitar recursos para a instalação de bicicletários em pontos estratégicos da Região Metropolitana, como em terminais rodoviários e estações de trens.


- Recentemente, participei da inauguração de um bicicletário na rodoviária central de Maricá, que era uma antiga reivindicação dos moradores. A receptividade foi enorme e todos os dias o bicicletário fica lotado. Soluções simples como esta fazem muita diferença principalmente nas cidades da Região Metropolitana, onde muita gente vai de bicicleta até a rodoviária, principais pontos de ônibus ou a estação de trem, seguindo de lá para o trabalho – comentou o secretário.



Fonte: Secretaria de Transportes, Diário de Petrópolis (09.10.10)

7 de outubro de 2010

Ponta do Iceberg


Carioca já perde em média 1h30m no trânsito por dia. Calcule o tempo de vida social desperdiçado, por semana, por mês, por ano...



Pesquisa de Percepção 2009 do RCV mostrou que o tempo médio gasto no trajeto casa-trabalho é de 86,4 minutos. A nota dada ao serviço de transporte público foi 6,8. Com este quadro, 12% preferem carro particular, ajudando a engrossar os engarrafamentos.

Este ano, o dia mundial sem carro no Rio esbarrou, mais uma vez, na falta de articulação entre os atores, fragmentando o evento em ações inexpressivas e de pouco impacto para o cotidiano da cidade.

Rio Estado da Bicicleta, Rio Capital da Bicicleta, cadê?! Se alguém aí souber de alguma movimentação, por favor, me conte. Enxergar gentileza e civilidade no trânsito da nossa cidade está difícil.

A mobilidade é primordial para o desenvolvimento econômico, mas é de consenso geral que as tendências atuais não são sustentáveis. A tecnologia e os inúmeros avanços das últimas décadas deverão, sem dúvida, ajudar a resolver algumas das questões ligadas à mobilidade sustentável – as emissões de CO² e o aquecimento global, o forte aumento da demanda energética, a diminuição da poluição local, a segurança rodoviária e o congestionamento no trânsito.



Fonte: Jornal O Globo (29.09.10), Sistema de Indicadores Rio como vamos, Insituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Instituto Akatu




9 de setembro de 2010

O Globo Tijuca - Por um bairro sustentável





Planeta Terra vem dado sinais claros de que a relação do homem com o meio ambiente não anda bem. Mais do que nunca, é hora de reverter a situação. Sabendo que cada pequena ação é importante, moradores da região já mudaram de atitude. Juliana DeCastro e Milla Scramignon, por exemplo, disseram não aos automóveis e escolheram a bicicleta como meio de locomoção. Renata Lara, da ONG Anitcha, promove no Grajaú um evento de desapego, para desestimular o consumismo desenfreado. E o síndico Márcio Fontes adotou em seu condomínio a coleta do óleo vegetal usado que, se despejado nos ralos, prejudica o ecossistema. Conscientes da responsabilidade de cada um, Juliana e Milla, do Grajaú, não se arrependem de ter adotado a bicicleta como meio de transporte. Além de não poluir o ar, a mudança trouxe mais qualidade de vida, saúde, disposição e tranquilidade no dia a dia. Juliana, que é bióloga, ainda aproveita o trajeto até o trabalho, no Centro da cidade, para se exercitar, meditar e até cantar: — Sem contar o tempo de espera. Se fosse de ônibus perderia no percurso, em média, uma hora. De bicicleta, chego em meia hora. Designer, Milla trabalha em casa. Muitas vezes resolve ir para algum café da cidade como pretexto para usar a bicicleta. Um hábito saudável acaba por produzir outros. Como fazem compras no supermercado também de bicicleta, acabam por consumir menos e, assim, evitam o desperdício e geram menos resíduos.
Ainda no Grajaú, Renata Lara, coordenadora da Casa Cultural Anitcha, desenvolve o projeto social Bairro Vivo, com o objetivo de transformá-lo em uma região sustentável. Uma das ações do projeto é a feira “Desapegue-se”, que acontece mensalmente na Praça Edmundo Rego (a próxima será neste domingo). Na exposição, há espaço para trocas, estandes de artesanato recicláveis e vegetais orgânicos. — As pessoas querem cada vez consumir mais, sendo que a maior parte do que é consumido acaba descartada muito rapidamente. Isso está acabando com o nosso planeta. É preciso sair desse estado de dormência e é isto que o “Desapegue-se” desperta: a ideia de que é possível ter algo bacana sem usar dinheiro. Trocar uma roupa por um livro, um perfume por uma massagem — diz. Leia a íntegra desta reportagem no Globo-Tijuca desta quinta-feira ou no Globo Digital (somente para assinantes).

Jornal O Globo - Caderno Tijuca - 09/09/2010

3 de setembro de 2010

Proximidade do Dia Mundial sem Carro - 22 de setembro

Gostaria de compartilhar um minidocumentário 22 pessoas, 2 cachorros e o clima, vídeo produzido no Brasil para o Dia Mundial Sem Carro (2009), parceria Leão Filmes realizou em parceria com o coletivo de mobilização do DMSC , a campanha TicTacTicTac, o Idec e o Vitae Civilis, o documentário explora a escolha do automóvel como meio de transporte.

Então fica o convite à reflexão: qual o clima que você quer para você?!



6 de julho de 2010

Bike x Trânsito - Rio de Janeiro

Rota: Grajaú-Botafogo

Parte 1: Grajaú - Tijuca







Parte 2 - Tijuca - São Francisco Xavier











postado por @ruivapedalante

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30 de junho de 2010

O Desafio das Megacidades

Há cem anos, apenas 10% da população mundial vivia em cidades. Atualmente, somos mais de 50%, e até 2050, estima-se seremos mais de 75%. A cidade é o lugar onde são feitas todas as trocas, dos grandes e pequenos negócios à interação social. É onde a cultura abrange e interliga as nações de todo o planeta. Mas também é o lugar onde há um crescimento desmedido das favelas e do trabalho informal: estima-se que dois em cada três habitantes viva em favelas ou "sub-habitações". Assim, a cidade é também palco de transformações dramáticas que fizeram emergir as megacidades do século XXI: as cidades concentradoras de grande parte da população mundial com mais de 10 milhões de habitantes.

Em época de imperativa preocupação com o desenvolvimento sustentável, é de se destacar que 2/3 do consumo mundial de energia se dá nas cidades e aproximadamente 75% de todos os resíduos gerados ocorrem nas cidades. Portanto, falar em mudanças climáticas, aquecimento global e sustentabilidade é falar de cidades sustentáveis. As metrópoles são o grande desafio estratégico do planeta neste momento. Se elas adoecem, o planeta fica insustentável.

Nas décadas recentes, tem-se observado uma emergência comum às grandes metrópoles mundiais: os antigos espaços urbanos centrais estão perdendo boa parte de suas funções produtivas, tornando-se obsoletos e, assim, verdadeiros guetos de degradação urbana, social e ambiental.

No entanto, experiências internacionais como de Barcelona, Portland, Nova Iorque e Bogotá mostram que as metrópoles se reinventam, se refazem. Ou seja, mesmo as grandes cidades - metrópoles complexas e superpopulosas - podem se reinventar e conquistar mais qualidade de vida e serem mais sustentáveis e includentes.

Um dos maiores estudiosos das cidades – Peter Hall costuma dizer que
"inovação urbana importa tanto quanto infraestrutura urbana".

As metrópoles são o locus da diversidade – da economia à ideologia, passando pela religião e cultura. E isso gera inovação. Portanto, cuidar de direcionar esforços e recursos para regenerar territórios centrais e dotá-los de amplas quantidades de habitação coletiva, construídos rapidamente através de sistemas industrializados, do que preocupar-se com a arborização ou mobiliário urbano de bairros ricos. As maiores cidades do hemisfério norte descobriram isso já há alguns anos e têm se beneficiado enormemente – inclusive em termos da atração de novos investimentos – desse diferencial, dessas externalidades espaciais. Não há cidade sustentável sem a desejável sociodiversidade territorial. E têm promovido seus projetos de regeneração urbana através de políticas de inovação urbana. Centros urbanos diversificados, em termos de população e usos, com empresas ligadas à nova economia, têm se configurado nas novas oportunidades de inovação urbana em áreas anteriormente abandonadas. E cidades sustentáveis são, necessariamente, compactas, densas.

Como se sabe, maiores densidades urbanas representam menor consumo de energia per capita: em contraponto ao modelo Beleza americana de subúrbios espraiados no território, com baixíssima densidade, as cidades mais densas da Europa e Ásia são hoje modelos na importante competição internacional entre as global green citie, justamente pelas suas altas densidades e diversidade de usos. Assim, parece evidente o papel único das metrópoles na nova rede de fluxos mundial e processos inovadores. O potencial do território central regenerado e reestruturado produtivamente é imenso na nova economia, desde que planejado estrategicamente.

Sob o prisma do desenvolvimento urbano sustentado, voltar a crescer para dentro da metrópole e não mais expandi-la é altamente relevante: reciclar o território é mais inteligente do que substituí-lo. Reestruturá-lo produtivamente é possível e desejável no planejamento estratégico metropolitano. Ou seja: regenerar produtivamente territórios metropolitanos existentes deve ser face da mesma moeda dos novos processos de inovação econômica e tecnológica.

Uma agenda possível para tornar nossas cidades sustentáveis deveria incorporar as seguintes premissas:

- A cidade é "a" pauta atual: o século XIX foi dos impérios, o século XX das nações, o século XXI é das cidades.

- As megacidades são o futuro do planeta "urbano" e devem ser vistas como oportunidade ao invés de problema, pois o desenvolvimento sustentável se apresenta mais urgente onde moram as causas da problemática contemporânea.

- As cidades se reinventam. Afinal, elas não são fossilizadas: as melhores cidades, aquelas que continuamente sabem se renovar, funcionam similarmente a um organismo, quando adoecem, se curam, mudam. Refazê-la ao invés de expandi-la. Compactá-la. Deixá-la mais sustentável é transformá-la numa rede estratégica de núcleos policêntricos compactos e densos, otimizando infraestruturas e liberando territórios verdes.

- Sustentabilidade desmistificada. Desenvolver com sustentabilidade pressupõe crença no progresso humano. Acreditar na evolução do conhecimento, das técnicas e das tecnologias humanas. Uma postura estrategicamente proativa, adoção de medidas e parâmetros "verdes" como medidas mitigadoras que visam uma melhor "pegada" ecológica urbana.


Referência:

Conferência Internacional de Cidades Inovadoras – Curitiba, Março de 2010.

O futuro das cidades – Le Monde Diplomatique Brasil, Ano 3/Número 32, Março de 2010.

Quinto fórum urbano mundial – Rio de Janeiro, Março de 2010.

7 de abril de 2010

CICI 2010 - Inovação para o transporte sustentável

As cidades foram feitas para o convívio social e devem priorizar parques, árvores, ciclovias e infraestrutura para o lazer, reduzindo o espaço viário, aumentando calçadas e transformando as avenidas. A afirmação é do diretor da Clinton Foundation, Adalberto Maluf. Ele participou do painel "Inovação para o Transporte Sustentável", durante a CICI2010 - Conferência Internacional das Cidades Inovadoras, realizada pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, em Curitiba.

O diretor nacional do Centro de Transporte Sustentável (CTS Brasil), Luiz Antonio Lindau abriu sua fala com um questionamento: "Queremos mover gente ou veículos?" Lindau defende que os carros devem deixar de ter prioridade: "deve haver uma mudança cultural. Os carros não contribuem para a saúde da população e fazem mal para as cidades. Tempo é dinheiro e horas perdidas no trânsito geram um impacto negativo nas cidades, causando uma perda de competitividade e estagnação econômica", afirmou.

Mobilidade
Para Maluf, o grande desafio da atualidade é a mobilidade urbana nas cidades. "A tendência é a situação piorar. O PIB do Brasil cresce 5%, o país será a 5ª economia do mundo em pouco tempo e as pessoas vão comprar mais carros e vão se locomover mais", prevê o diretor da Clinton Foundation. "As cidades que não se adequarem a esses novos tempos vão continuar perdendo empresas, pessoas e investimentos", alertou.

Luiz Lindau citou o exemplo de cidades com visão de futuro, como Bogotá, Paris, Londres, Cidade do México e Curitiba. "São cidades que estão investindo na melhoria do transporte público e estimulando os veículos não motorizados. Algumas delas por meio de medidas como a taxação do congestionamento - que já ocorre em Londres e Estocolmo; a utilização do biocombustível e a implantação do sistema BRT (Bus Rapid Transport), a exemplo de Curitiba.

Transporte a energia
Gilles Vesco, representante da empresa que gerencia o sistema de transporte de Lyon (França) contou que a cidade tem por objetivo passar o maior número de pessoas dos veículos privados para o transporte público com emissão zero de carbono. "73% do sistema é movido à energia elétrica", disse. Segundo ele, a cidade dispõe de metrôs, ônibus, bondes, trolleybus e oferece um sistema de rádio com informações 24 horas de todos os modais para os usuários. "Fizemos de tudo para ter uma cidade mais agradável e uma abordagem mais humana. Estamos conseguindo", encerrou Vesco.

O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Cléver de Almeida, traçou um panorama da evolução do sistema de transporte público de Curitiba, o que está sendo feito e o planejamento futuro. "Em Curitiba, 45% das pessoas que se deslocam todos os dias o fazem através do transporte público, 22% de automóvel, 20% a pé e 5% de bicicleta", informou. Segundo Almeida, a prioridade agora é estimular ainda mais o uso da bicicleta e a caminhada. Estão previstas também ações para o aumento da capacidade do sistema de transporte, implantação de uma linha de metrô e da linha verde - sexto eixo de transporte. "A opção de Curitiba é pelas pessoas, pelos pedestres, pelos ciclistas e pelo transporte público", ressaltou o presidente do Ippuc.

Fonte: Portal Objetivos do Milênio (http://www.odmbrasil.org.br)

Continuação - Bicicletas no contexto urbano

Com o aumento progressivo das emissões de gases do efeito estufa nos países emergentes, parece óbvio que uma solução simples seria incentivar o planejamento cicloviário, uma forma barata e saudável de combater o trânsito nas cidades.

.Pensando nisso, mas focando em um ponto pouco estudado atualmente, Roel Massink (também participante do seminário da Coppe/I-Ce), pesquisador da Universidade de Twente na Holanda, resolveu estimar o valor climático do ciclismo ao montar cenários de como seria uma cidade sem bicicletas. Quais seriam os modos de transporte mais utilizados?

Considerando a capital venezuelana Bogotá como modelo, onde 3,3% da população utiliza a bicicleta como meio de transporte, Massink reuniu dados sobre o poder aquisitivo e características dos deslocamentos destas pessoas.

Bogotá é a única cidade mundial que possui um projeto sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) envolvendo o transporte público, chamado TransMilênio, porém na modelagem do pesquisador, se as bicicletas fossem suprimidas as classes mais abastadas escolheriam veículos individuais como meio de transporte.

A Expansão do uso de ciclovias e ciclofaixas é também uma forma de combater o aquecimento global, como provou o pesquisador, que simulou a retirada das bicicletas das ruas e demonstrou a importância delas para a redução das emissões. O pesquisador concluiu que o uso da bicicleta em Bogotá representa uma redução nas emissões de 95 toneladas de dióxido de carbono diariamente ou 54 mil toneladas anualmente.

Bicicletas com status de veículo

Mesmo entre os milhares de quilômetros na Europa até as escassas de ciclovias no Brasil, ainda existem muitos obstáculos a serem superados para que as bicicletas possam se tornar as rainhas dos sistemas de transporte.

Linhas integradas, como ciclovias que se conectam com trens de superfície e metrôs para deslocamentos de longa distância, pistas adequadas para todos os tipos de bicicletas com as inovações elétricas, para deficientes físicos e até mesmo para carregar bagagens, são soluções que começam a ser pensadas e colocadas em prática na Europa.

O professor da Universidade de Chester (Inglaterra), o ciclista Peter Cox alerta que o essencial é reconhecer os usuários de bicicletas.

“Aprender com os usuários e não definir por eles”, ressaltou Cox, lembrando da importância de se consultar os ciclistas na hora de planejar os sistemas e perceber as suas necessidades, só assim novos usuários se sentirão aptos a entrar neste mundo.

“Má infra-estrutura pode ser pior que nenhuma”, relembra ao tocar em uma questão muito bem conhecida por quem anda nas ciclovias brasileiras. Postes no meio das pistas, buracos e descontinuidade, falta muito ainda para chegarmos a uma situação ideal aqui.

Todas as pesquisas demonstram que a qualidade de vida nas melhores cidades está ligada à boa mobilidade ciclística, pondera Cox.

Planejamento é a chave de um futuro mais saudável, seguro e correto para a sociedade que realmente anseia por cidades funcionais, agradáveis e com baixas emissões de poluentes. “Nós fazemos o futuro como queremos”, disse Cox numa mensagem que deve servir de norte para que a sociedade brasileira exija os seus direitos de uma sadia qualidade de vida.


Estou certa de que a escolha da bicicleta pode fazer um mundo melhor!

27 de março de 2010

Coppe discute inclusão da Bike no contexto urbano

Sexta (26 de março) tive a oportunidade de estar presente no seminário internacional realizado na COPPE-UFRJ em parceria com a CAN (Cycling Academic Network) que reuniu pesquisadores da África do Sul, Tanzânia, Índia, Holanda e Brasil.


O objetivo do encontro foi debater as soluções para a inclusão da bicicleta como meio de transporte desenvolvidas na O CAN foi fundado em 2007, na Holanda, país referência no uso da bicicleta como meio de transporte. Em 2008, representantes da instituição reuniram pesquisadores dos quatro países em desenvolvimento para acompanhar os estudos realizados em cada região.

Uma das pesquisadoras - Flavia de Souza (RJ) presentou os resultados preliminares de sua pesquisa sobre a necessidade de integração da bicicleta com o transporte público. Os dois locais analisados por Flávia e sua equipe são Santa Cruz, na Zona Oeste, e Colégio, no subúrbio do Rio.

Santa Cruz tem maior número de ciclistas no Rio
De acordo com o estudo, Santa Cruz tem o maior índice de bicicletas da cidade: 12% da população usam o veículo, enquanto que a média no Rio é de 2%, ou seja, são seis vezes mais ciclistas naquela região.

O documento aponta dois estacionamentos privados na região, que, em horário de pico, não dão conta da demanda e recebem cerca de 600 bicicletas em um dia. De acordo com Flávia, a maioria dos usuários de trem da Supervia reclama da falta de segurança, do alto preço do bicicletário pago e da distância do estacionamento para a estação.

Em Colégio, foi constatado que os ciclistas usuários do metrô param os veículos no entorno da estação, já que não há estacionamento.


A pesquisadora sugere, além de melhoria da malha cicloviária da cidade, que é precária, o financiamento da bicicleta para a população de baixa renda. “Para quem pega dois ônibus por dia, utilizar a bicicleta em um dos trechos gera uma economia de quase R$ 5 por dia, o que chega a R$ 100 no fim do mês”, exemplificou ela.

Um dos objetivos da pesquisadora, que pretende terminar o trabalho dentro de um ano e meio, é levar os resultados do documento para autoridades públicas.
Ao examinar o caso do Rio de Janeiro, Flávia concluiu que, além de aumentar o número de vias para ciclistas, é preciso investir em estacionamentos nas estações de trem, metrô e ônibus. Atualmente, segundo a pesquisadora, somente algumas estações do metrô oferecem esses espaços.


Conscientização

Flávia acredita que o Rio de Janeiro tem potencial para aumentar o número de ciclistas. “O carioca não tem tanto preconceito, não vê a bicicleta como transporte de pobre, como acontece em outras regiões. Acho que podem ser feitas promoções com artistas, por exemplo, para quebrar aqueles que ainda têm o estigma. A bicicleta tem que ser vista como um transporte ‘cool’ e acho que isso já está na veia do carioca, basta incentivo”, diz.

Enquanto a Secretaria de Transporte afirma que o Rio possui o título de ser o estado com a segunda maior rede de ciclovias da América Latina, Flávia ressalta que o que existe são apenas ciclovias.

“O que temos não é malha cicloviária, são ciclovias. Malha é um sistema integrado. Ter a segunda ciclovia da América Latina já é alguma coisa sim, mas você perceba que essas vias estão próximas à praia ou na Lagoa, ou seja, está associado ao lazer, não é para bicicleta como meio de transporte do dia-a-dia”.

Para a ela, o sistema de aluguel de bicicletas, que foi inaugurado no Rio em janeiro de 2009, é uma medida importante, mas ainda é falho. “É um sistema caro e ainda concentrado na Zona Sul”, criticou ela, que já usou o serviço e percebeu que o objetivo da maioria de quem aluga é utilizar o veículo para o lazer. “Vi muitos estrangeiros alugando”, disse.


Juliana DeCastro

16 de março de 2010

O Exemplo de Aracaju

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), vem incentivando o uso da bicicleta como principal meio de transporte alternativo da cidade, rumo à melhoria da mobilidade urbana. "Crescer com qualidade é o nosso principal projeto. O uso da bicicleta vai trazer vantagens coletivas e para o meio ambiente, já que não é poluente e ocupa pouco espaço. Considerando o trânsito urbano, esse é um meio mais rápido, e faz bem para o corpo", afirma o coordenador de ciclomobilidade da SMTT, Fabrício Lacerda. Para Fabrício, esse passeio foi o mais marcante que Aracaju já assistiu.

Segundo o superintendente da SMTT, Antônio Samarone, uma média de cinco mil pessoas participaram da terceira edição do passeio ciclístico, sendo que três mil se inscreveram pela internet e as demais compareceram sem fazer inscrição. "Hoje o pedido que mais ouvi foi de que o passeio seja realizado mensalmente. Aracaju, além de ser a capital brasileira da qualidade de vida, é a capital brasileira da bicicleta", observa.

Samarone informou ainda que a cidade possui mais de 50 quilômetros de ciclovias espalhadas pelas principais avenidas e que esse montante deve crescer. "O prefeito já determinou que a gente realize a recuperação de alguns pontos e solicitou a construção de mais ciclovias. A idéia é que, até o final da administração do prefeito Edvaldo Nogueira, a cidade seja coberta de ciclovias", divulga.

Apoiaram a Prefeitura de Aracaju no 3º Passeio Ciclístico: TV Sergipe, construtoras Cosil, Celi e Norcon, Torre Empreendimentos, Boa Luz, GBarbosa, Mulserv, Atacadão, Extra, Água Indiana, Setransp, Porto Seguro Seguradora, Magazine Bike Show, Unimed, Ciclo Urbano, Aracaju Pedal Livre, Água Mineral Cristal, Federação Sergipana de Ciclismo, entre outros.

Fonte: Prefeitura de Aracaju-SE

24 de fevereiro de 2010

Entrada Proibida



Bicicletas não são bem-vindas no 6º BPM.

No dia 23 de fevereiro estive no 6º BPM da Tijuca para buscar um registro de TRO e fui surpreendida com a proibição de minha entrada com a bicicleta.

Diante daquela situação e daquele pátio enorme e vazio, perguntei ao cabo por que não poderia deixar minha bicicleta do lado de dentro.

E a resposta foi: "Não, não pode..."

Eu insisti: Qual o problema da minha bicicleta ficar aqui dentro enquanto sou atendida?

Ele: "Não, porque isso vai me dar problema..."

Atendi a " autoridade" e aguardei o atendimento do lado de fora do Batalhão de olho na bicicleta por 40 minutos.

Que tipo de problema pode causar uma bicicleta estacionada?




14 de fevereiro de 2010

O Tombo de Outubro


Dia 11 de outubro de 2009, segunda vez da Ju em Miracema. Saímos do Rio no dia 10 de manhã, enfrentamos cinco horas de estrada com volta prevista para o dia seguinte à noite, depois da pedalada, pois a Ju teria plantão no dia seguinte às 8h.
Chegamos no sábado, pedalamos rapidamente à tarde até o Parque Ecológico Santa Rita, conhecemos o projeto do Lelo de reflorestar a área e voltamos até Miracema, pensando no pedal do dia seguinte. No dia esperado, um percurso longo, cheios de caminhos sinuosos e inclinados, paisagem rural, um dia lindo de sol. Ju com o espírito preparado para o desafio,  afinal, ia pedalar na minha terra, conhecer os boizinhos, vaquinhas...(ok, ela ja conhecia). Saimos às seis da manhã, nosso grupo era pequeno: André Xôxô, Ju, Alexandre, Zé Elias e eu.
Já pedalávamos há cinco horas. Ju era a última do pelotão numa descida muito íngrime, em velocidade aproximada de 50km/h. O chão era uma mistura de barro e pedra e nenhum santo ia fazer parar naquele momento. Santo não, mas uma pedra sim... A maldita pedra virou um muro em segundos, travou a roda da frente e no último minuto consciente, Ju só pensava na sua supertécnica de rolamento...rs.
O barulho da queda fez todo mundo frear (derrapar) por uns segundos até que me deparei com uma figura sentada, capacete torto e amassado, suja de barro até a alma, boca sangrando, por causa do aparelho, segurando o dedinho da mão. Ah, o dedinho...interrompeu a pedalada e a partir daí começa uma nova novela.


                                   

O resgate
Dedo deslocado, sol castigando e quase nenhum sinal no celular. Depois de prestar o socorro possível naquele momento, começou uma busca enlouquecida por sinal e tentar ligar para alguém. Em cima da cerca, no alto do pasto, até que conseguimos. O irmão do André foi socorrer o grupo, levou uns minutos da cidade até lá, mas conseguimos colocar as bicicletas (minha e da Ju) na caçamba do carro e partimos para o pronto socorro. O restante do pessoal seguiu de bike até lá. 
Envenenadas com o descaso dos hospitais do Rio, chegamos preocupadas com o atendimento. Além de conhecer boizinhos e vaquinhas, Ju também conheceu um posto médico que atende emergência (no sentido literal). O atendimento imediato foi surreal! Cuidaram dos ferimentos e o ortopedista, em sua casa, atendeu prontamente o chamado. Em minutos estava lá, distraindo a paciente e se preparando para o golpe certeiro. Do lado de fora dava para ouvir! Mas o som mais impressionante foi da risada da paciente, ensandecida porque conseguiu 5 dias de licença médica. Já na hora de sair, o restante do grupo chegou querendo notícias. Viramos o evento do posto médico, enfermeira querendo pedalar, pacientes curiosos e os ciclistas tirando foto.
Então, já que não tinha mais o plantão do dia seguinte, atrasamos nossa volta em um dia. 
O restante do dia foi de cuidados com os ferimentos e com o dedinho. Minha mãe e minha avó faziam competição de quem tinha a receita mais milagrosa. 
Assim, Ju passou a noite, temperada com sal e vinagre, pensando no restante da pedalada, que não completamos.


                                 



12 de fevereiro de 2010

Um mergulho na História do Homem e seus Resíduos”


O resíduo é um produto inevitável de qualquer ciclo de vida e de consumo. Jogar fora seus resíduos é consequentemente, um gesto cotidiano. Os homens pré-históricos jogavam fora os restos de comida no mesmo lugar em que comiam. Tais resíduos decompunham-se naturalmente na natureza.

Foi durante a Antiguidade greco-romana que surgiram as primeiras formas de depósito de lixo. Na Idade Média, as cidades desenvolveram-se e a população aumenta. Os resíduos acumulam-se nas ruas, em todos os recantos das cidades, poluindo até mesmo os rios. Em Paris, a sujeira e o lixo são tamanhos que, em 1184, Filipe Augusto ordena a pavimentação das principais ruas, aí criando canais e fossas centrais. A partir do sec. XVIII aparecem às primeiras regulamentações para remediar a falta de higiene. Os habitantes da capital têm a obrigação de limpar o espaço em frente à sua própria casa, uma vez por semana, e lhes é proibido deixar que sobre lixo. No entanto, a população não respeita o regulamento e recusa-se a levar os detritos até as instalações prevista para isso. A falta de disciplina e de consciência foi à causa de várias epidemias, particularmente a peste negra, de 1347, que dizimou milhões de pessoas na Europa.

Tudo tão familiar, não é mesmo? Além da nossa incessante capacidade de gerar resíduos é a velocidade com a qual os produzimos que irá determinar como continuamos a escrever essa história. Será ainda preciso esperar quanto tempo para despertarmos? Vivemos todos de forma interdependente e sob o mesmo teto.

Portanto a Reciclagem é, hoje, uma realidade no mundo, portanto colocar os

Três Rs na rotina da sua vida vai ajudar muito, porque combater o desperdício é, antes de tudo, uma mudança de hábito que proporciona melhoria da qualidade de vida, e um exercício de cidadania.

O primeiro R é de REDUZIR – ordem de primeira grandeza, consumir apenas o que é de fato necessário, evitando o consumo exagerado.

O segundo R é de REUTILIZAR – antes de simplesmente jogar fora, pense em outro tipo de uso, para isso basta apenas ser criativo.

O terceiro R é de RECICLAR – nessa última etapa, quanto todos os esforços de Redução e Reutilização não sejam mais plausíveis, cabe separar o que pode ser então reciclado.

O terceiro R é de RECICLAR – nessa última etapa, quanto todos os esforços de Redução e Reutilização não sejam mais plausíveis, cabe separar o que pode ser então reciclado.



Texto vinculado ao Jornal Eletrônico Dix Por Minuto - Edição 03
por Juliana DeCastro