14 de fevereiro de 2010

O Tombo de Outubro


Dia 11 de outubro de 2009, segunda vez da Ju em Miracema. Saímos do Rio no dia 10 de manhã, enfrentamos cinco horas de estrada com volta prevista para o dia seguinte à noite, depois da pedalada, pois a Ju teria plantão no dia seguinte às 8h.
Chegamos no sábado, pedalamos rapidamente à tarde até o Parque Ecológico Santa Rita, conhecemos o projeto do Lelo de reflorestar a área e voltamos até Miracema, pensando no pedal do dia seguinte. No dia esperado, um percurso longo, cheios de caminhos sinuosos e inclinados, paisagem rural, um dia lindo de sol. Ju com o espírito preparado para o desafio,  afinal, ia pedalar na minha terra, conhecer os boizinhos, vaquinhas...(ok, ela ja conhecia). Saimos às seis da manhã, nosso grupo era pequeno: André Xôxô, Ju, Alexandre, Zé Elias e eu.
Já pedalávamos há cinco horas. Ju era a última do pelotão numa descida muito íngrime, em velocidade aproximada de 50km/h. O chão era uma mistura de barro e pedra e nenhum santo ia fazer parar naquele momento. Santo não, mas uma pedra sim... A maldita pedra virou um muro em segundos, travou a roda da frente e no último minuto consciente, Ju só pensava na sua supertécnica de rolamento...rs.
O barulho da queda fez todo mundo frear (derrapar) por uns segundos até que me deparei com uma figura sentada, capacete torto e amassado, suja de barro até a alma, boca sangrando, por causa do aparelho, segurando o dedinho da mão. Ah, o dedinho...interrompeu a pedalada e a partir daí começa uma nova novela.


                                   

O resgate
Dedo deslocado, sol castigando e quase nenhum sinal no celular. Depois de prestar o socorro possível naquele momento, começou uma busca enlouquecida por sinal e tentar ligar para alguém. Em cima da cerca, no alto do pasto, até que conseguimos. O irmão do André foi socorrer o grupo, levou uns minutos da cidade até lá, mas conseguimos colocar as bicicletas (minha e da Ju) na caçamba do carro e partimos para o pronto socorro. O restante do pessoal seguiu de bike até lá. 
Envenenadas com o descaso dos hospitais do Rio, chegamos preocupadas com o atendimento. Além de conhecer boizinhos e vaquinhas, Ju também conheceu um posto médico que atende emergência (no sentido literal). O atendimento imediato foi surreal! Cuidaram dos ferimentos e o ortopedista, em sua casa, atendeu prontamente o chamado. Em minutos estava lá, distraindo a paciente e se preparando para o golpe certeiro. Do lado de fora dava para ouvir! Mas o som mais impressionante foi da risada da paciente, ensandecida porque conseguiu 5 dias de licença médica. Já na hora de sair, o restante do grupo chegou querendo notícias. Viramos o evento do posto médico, enfermeira querendo pedalar, pacientes curiosos e os ciclistas tirando foto.
Então, já que não tinha mais o plantão do dia seguinte, atrasamos nossa volta em um dia. 
O restante do dia foi de cuidados com os ferimentos e com o dedinho. Minha mãe e minha avó faziam competição de quem tinha a receita mais milagrosa. 
Assim, Ju passou a noite, temperada com sal e vinagre, pensando no restante da pedalada, que não completamos.


                                 



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