7 de abril de 2010

Continuação - Bicicletas no contexto urbano

Com o aumento progressivo das emissões de gases do efeito estufa nos países emergentes, parece óbvio que uma solução simples seria incentivar o planejamento cicloviário, uma forma barata e saudável de combater o trânsito nas cidades.

.Pensando nisso, mas focando em um ponto pouco estudado atualmente, Roel Massink (também participante do seminário da Coppe/I-Ce), pesquisador da Universidade de Twente na Holanda, resolveu estimar o valor climático do ciclismo ao montar cenários de como seria uma cidade sem bicicletas. Quais seriam os modos de transporte mais utilizados?

Considerando a capital venezuelana Bogotá como modelo, onde 3,3% da população utiliza a bicicleta como meio de transporte, Massink reuniu dados sobre o poder aquisitivo e características dos deslocamentos destas pessoas.

Bogotá é a única cidade mundial que possui um projeto sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) envolvendo o transporte público, chamado TransMilênio, porém na modelagem do pesquisador, se as bicicletas fossem suprimidas as classes mais abastadas escolheriam veículos individuais como meio de transporte.

A Expansão do uso de ciclovias e ciclofaixas é também uma forma de combater o aquecimento global, como provou o pesquisador, que simulou a retirada das bicicletas das ruas e demonstrou a importância delas para a redução das emissões. O pesquisador concluiu que o uso da bicicleta em Bogotá representa uma redução nas emissões de 95 toneladas de dióxido de carbono diariamente ou 54 mil toneladas anualmente.

Bicicletas com status de veículo

Mesmo entre os milhares de quilômetros na Europa até as escassas de ciclovias no Brasil, ainda existem muitos obstáculos a serem superados para que as bicicletas possam se tornar as rainhas dos sistemas de transporte.

Linhas integradas, como ciclovias que se conectam com trens de superfície e metrôs para deslocamentos de longa distância, pistas adequadas para todos os tipos de bicicletas com as inovações elétricas, para deficientes físicos e até mesmo para carregar bagagens, são soluções que começam a ser pensadas e colocadas em prática na Europa.

O professor da Universidade de Chester (Inglaterra), o ciclista Peter Cox alerta que o essencial é reconhecer os usuários de bicicletas.

“Aprender com os usuários e não definir por eles”, ressaltou Cox, lembrando da importância de se consultar os ciclistas na hora de planejar os sistemas e perceber as suas necessidades, só assim novos usuários se sentirão aptos a entrar neste mundo.

“Má infra-estrutura pode ser pior que nenhuma”, relembra ao tocar em uma questão muito bem conhecida por quem anda nas ciclovias brasileiras. Postes no meio das pistas, buracos e descontinuidade, falta muito ainda para chegarmos a uma situação ideal aqui.

Todas as pesquisas demonstram que a qualidade de vida nas melhores cidades está ligada à boa mobilidade ciclística, pondera Cox.

Planejamento é a chave de um futuro mais saudável, seguro e correto para a sociedade que realmente anseia por cidades funcionais, agradáveis e com baixas emissões de poluentes. “Nós fazemos o futuro como queremos”, disse Cox numa mensagem que deve servir de norte para que a sociedade brasileira exija os seus direitos de uma sadia qualidade de vida.


Estou certa de que a escolha da bicicleta pode fazer um mundo melhor!

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